Agnelo Baltazar Tenório Férrer
CARTA DE UM JOVEM CRENTE QUE MORREU
DESVIADO
O texto abaixo trata-se de uma carta enviada por um jovem que um dia
andou fielmente nos caminhos do Senhor, mas que morreu desviado. Por tanto é
uma carta enviada do único lugar onde os que morrem distantes do Senhor vão
passar a eternidade, ou seja, é uma carta enviada do inferno. O texto,
obviamente, é fictício, ou seja, não se trata de algo real, porém de mera
criação literária extraída da pobre e limitada mente do seu autor.
O intuito é alertar, pois acredito piamente que existe uma grande
quantidade não apenas de jovens crentes no inferno, mas também de crentes de
todas as idades. Logo apesar de ser um texto fictício e não uma carta real,
certamente se fosse dado oportunidade a algum destes que um dia seguiram ao
Senhor Jesus Cristo, mas que estão no tormento eterno, de escrevem algo, eles
escreveriam algo semelhante com o que está escrito abaixo.
Na parábola do Rico e Lázaro, o Rico pediu a Abraão que este enviasse
alguém aos seus irmãos para que fossem alertados daquele lugar de tormento
infinito. O sofrimento no inferno não terá fim, será totalmente ilimitado. Não
apenas temporalmente, mas também será ilimitado na intensidade da dor. Jesus
disse que o fogo do inferno é inextinguível, e que será lugar de choro e ranger
de dentes.
Segue o relato de um jovem crente que morreu desviado:
Nunca pensei que fosse possível sentir tanta dor. Falaram-me desse
lugar, e eu mesmo durante parte de minha vida falei deste lugar para outras
pessoas, alertei a muitos, disse-os que quem morresse sem Cristo sofreria a dor
do tormento eterno. Porém descuidei de mim mesmo. Aprendi muito sobre o tormento
que seria para aqueles que viessem para cá, mas não sabia que o tormento aqui
pudesse ser tão grande. Se eu soubesse eu teria vivido minha vida de outra
forma.
A verdade é que estou tentando encontrar uma palavra para poder
expressar quanta dor eu estou sentindo desde o dia que cheguei aqui, no entanto
não consigo encontrar nenhuma que sequer possa expressar a mínima fração da dor
e do sofrimento que sente quem vem para cá. A vida mais miserável que alguém
possa ter; a doença mais dolorosa e cruel que possa existir; o pior sofrimento
que uma pessoa possa padecer, nada disso é para se comparar com a dor que
existe no inferno.
Se eu pudesse viver novamente e voltar para Terra, não me incomodaria
em ser um miserável, cego, e ter meu corpo todo atacado por todas as doenças
que existem. Se eu pudesse voltar, ficaria feliz em ser um canceroso, em estado
terminal, morando dentro do mais fétido e podre esgoto. Às vezes me lembro do
sofrimento de Jó, de como eu tinha receio de que algo parecido acontecesse
comigo, mas sabe, eu seria a mais grata das criaturas se pudesse sair daqui
para viver a dor e o sofrimento de Jó. Se eu pudesse voltar, para mim seria
prazeroso ser espancado todos os dias, o dia inteiro, mesmo que diariamente me
batessem até eu desmaiar. Se eu pudesse voltar, mesmo que fosse para ter meu
corpo atravessado por milhares de espetos em brasa, isso não passaria de uma
massagem relaxante. Se eu pudesse voltar ficaria satisfeito em morar na mais
podre lama, na companhia de porcos, dormindo abraçado com eles.
De onde estou agora, neste lugar
onde vou passar a eternidade, tenho inveja dos vermes que rastejam na podridão
ou que se alimentam de cadáveres. Quem me dera ser um deles. Qualquer coisa
seria melhor do que estar aqui. Não posso dizer, o quanto é bom ser vivo, por
pior que seja as circunstâncias em que se viva. Não existe nenhum sofrimento na
Terra que possa ser comparado com uma pequena parcela de sofrimento do inferno.
No entanto, para que você possa ter uma pequeníssima noção do que é
estar no inferno, então imagine que você fosse jogado em uma grande fornalha
cujas chamas fossem infinitas, ou que fosse soterrado por enormes brasas de
fogo, ou mesmo que estivesse submerso em um oceano de larva que acaba de sair
do vulcão.
Além de tudo isso imagine ainda que você não pudesse morrer, e que todos
os seus sentidos continuassem funcionando. Você sentiria a dor de todas as
partes do seu corpo queimando ao mesmo tempo. Não existe nenhum lugar do seu
corpo que não esteja padecendo as mais terríveis dores. Não apenas sua pele
estaria doendo, em virtude das chamas, porém seus órgãos internos, todos eles,
também estariam sendo dilacerados pela dor.
Parece que todos os ossos do meu corpo estão sendo quebrados
constantemente. É como se alguém quebrasse-os, e depois quebrasse-os novamente,
e assim por diante, sem parar, a todo momento.
Primeiro você pensa que vai desmaiar, mas não desmaia. Depois você
pensa que vai morrer, mas se lembra que você já está morto. É dor em proporções
inimagináveis. Todavia, no inferno é ainda muito pior do que se possa imaginar.
Tudo aqui é incomparavelmente terrível.
O fogo que existe aí na Terra não se compara com este fogo que arde no
inferno. Talvez seja porque o fogo da Terra é apenas fruto de uma reação
química, mas este fogo daqui é o fruto da ira divina. Então mesmo que alguém
jogasse você em uma fornalha aí na Terra, a dor que você iria sentir enquanto
não morresse seria infinitamente menor do que está que eu e todos os que estão
aqui sentimos. Comparado com este fogo daqui, o fogo da Terra mais parece uma
piscina de água refrescante. Quem me dera poder sair desta fornalha, e entrar
em uma fornalha feita com o fogo da Terra. Seria para mim um alívio sem fim.
Agora sei porque o Senhor Jesus fez questão de registrar que o Rico da
parábola pediu que Lázaro apenas molhasse a ponta do seu dedo e lhe refrescasse
a língua. Como eu desejaria ao menos poder ver um pingo de água novamente.
Ficaria satisfeito em apenas vê-lo, mas sei que jamais poderei sequer ver uma
gota de orvalho novamente, que dirá ter minha língua refrescada por um pingo de
água. Eu faria absolutamente qualquer coisa para poder sentir um pequeno pingo
de água em minha língua, ou em qualquer outra parte do meu corpo. A sede não é
apenas física, mas espiritual também, pois a Água Viva da refresca o espírito
não está aqui.
Lembrar-me que um dia bebi da Água Viva que Jesus me deu, e agora
sentir tudo isso, só faz com que meu sofrimento aumente ainda mais.
Quando se está aqui sua cabeça parece que está cheia jumbo derretido,
fazendo pressão para explodir. Você gostaria muito que sua cabeça explodisse,
quem sabe assim o dor pudesse diminuir, mesmo que apenas um pouco ou mesmo que
apenas momentaneamente.
Além da dor física, existe também as dores causadas pelos sentimentos
ruins. Medo, angustia, depressão, pânico, ansiedade, vazio, desespero, enfim,
todos aqueles sentimentos que afetam os seres humanos, também existem aqui. E
assim como acontece com as dores físicas que aqui são infinitamente maiores,
esses sentimentos pesarosos, aqui no inferno também são em proporções
inimagináveis. É como se a depressão de todos os seres humanos que um dia já
padeceram desta mal, fossem colocados dentro de mim. Para falar a verdade nem
sei se isso é mais depressão, ou se é outra coisa muito pior.
Estes sentimentos se tornam ainda piores quando eu lembro que sabia da
existência deste lugar, e sabia que a Palavra de Deus sempre foi bem clara
sobre o sofrimento daqui. O Senhor Jesus sempre nos alertou que deveríamos
buscar em primeiro lugar o seu Reino de Deus e a sua Justiça, mas eu brinquei
de ser crente.
Também sinto falta da minha família, dos meus amigos, e principalmente,
da minha igreja. Não alertei a minha família, nem meus amigos sobre este lugar.
Mal eu falei do amor de Deus para eles, e nas poucas oportunidades que falei,
disse de forma leviana. Será que muitos deles virão para o inferno por minha
causa? Será que por minha negligência outros sentirão estes tormentos?
Apesar de todo o fogo, aqui não há luz alguma. As chamas do fogo do
inferno não iluminam, apenas queimam. Somente escuridão. São trevas tão densas
que não sei lhe explicar. Sei que existem outras pessoas aqui comigo, pois eu
ouço seus gritos, mas não posso vê-las. O barulho dos seus gritos são tão estridentes,
que se este som maldito pudesse ser ouvido por alguém que estivesse vivo, este
miserável que ouvisse tal som morreria na mesma hora, não apenas pelo pânico
que tomaria conta de sua pobre alma, mas pela força da potência deste infeliz
som, que lhe estraçalharia como uma bomba atômica. O grito de uma alma lançada
no inferno, é o som mais terrível que se pode ouvir. Imagine então bilhões e
bilhões de almas gritando ao mesmo tempo. Não dá para distinguir tais sons,
pois a impressão que se tem é que são bilhões de pessoas chorando, pranteando e
gritando com todas as forças dos seus pulmões.
A dor e o sofrimento não me deixam parar de gritar, então percebi que
assim como tais almas que estão tomadas pelo desespero, eu também estou
gritando de forma monstruosa. O meu próprio grito, dá medo aos meus próprios
ouvidos.
Meus olhos ardem pois são queimados diretamente pelas chamas que não
lhe dão um segundo de trégua, é algo como uma brasa de fogo incandescente
pressionada nos meus globos oculares. Eles ardem também pelo infinito cansaço, porque
não posso mais dormir um segundo sequer, nem mesmo descansar de nenhuma forma.
De todas as formas possíveis estou cansado. Não posso deitar-me ou
mesmo sentar nem por um instante, só fico em pé, com a sensação de que o mundo
todo está sobre mim. É como se por sobre os meus ombros fosse posto o peso de
um prédio de 100 andares, mas apesar desse peso não sou esmagado, apenas tenho
que suportar um peso terrível.
De tantas coisas terríveis que se pode imaginar, há ainda seres como
pequenos animais asquerosos. São estes os vermes que o próprio Jesus nos
alertou que não morrem. São seres horríveis, alguns são semelhantes a ratos, e
não param de molestar aos que estão aqui. Na verdade não sei exatamente a aparência
deles, acho que são semelhantes aos ratos, não posso ter certeza de como são
realmente em virtude da escuridão total que existe aqui. Eles cobrem meu corpo,
mordem e arranham o tempo todo. Não descansam nem um segundo sequer, vivem
apenas para machucar e ferir. São tremendamente vorazes e suas mordidas doem de
forma incalculável. Existe também outros seres, como vermes. Estes atravessam
nosso corpo, se movimentando dentro dele sem parar. A dor também é
inimaginável. Sei que todos esses seres não são animais, mas demônios que têm
essa forma para atormentar os que estão aqui.
O pior mesmo é a dor espiritual. A ausência de Deus é algo muito pior
do que se imagina. Quando se está na Terra, o pior lugar do mundo ainda é muito
melhor do que este aqui. Não há nada pior do que um lugar onde Deus não se faz
presente, e que os demônios podem fazer o que bem entendem. É verdade que
alguns lugares do Mundo são usados para coisas ruins, e de fato o Mundo jaz no
maligno. Todavia acredito que pela presença do Espírito Santo de Deus, que
atende as orações dos santos, e também pela presença da igreja de Cristo, a
atividade demoníaca é paralisada. Eles não podem fazer o que querem na Terra,
pois só podem agir com a permissão de Deus. Mas aqui é diferente, eles fazem o
que querem, na hora que querem. E o que os demônios querem é apenas no
atormentar, o tempo todo.
Parece que eles são obrigados a nos causar dor e sofrimento continuamente.
Eles não se satisfazem nunca em nos maltratar. Somos jogados de um lado para o
outro, e arremessados com tanta força que mais parece que vários caminhões
enfileirados estão nos atropelando, um após o outro. Não há trégua.
Certa vez, mesmo apanhando em meio à escuridão, tive coragem e falei em
voz alta “parem de fazer isso! Por que vocês são tão perversos?”.
Não sei porque, todavia, mesmo
não parando de me bater, um deles respondeu, e o que ele me disse aumentou
ainda mais minha dor, meu desespero e arrependimento. O que me disse foi o
seguinte: “Perversos nós?! Vocês não são diferentes de nós. Nós pecamos uma vez
contra o Senhor Deus do Universo. Apenas uma única vez, e Ele nos baniu para
longe da sua Santa Presença. Mas vocês pecam sem parar. Quando o homem caiu, o
próprio Senhor foi quem pagou o preço pela queda de vocês. Nunca tivemos esse
privilégio. Ele foi moído, humilhado, maltratado, torturado, e morto por causa
dos pecados de vocês. E mesmo sabendo disso, vocês O servem da forma mais relaxada
possível. Vocês dizem que são o Povo de Deus, mas O desobedecem O desobedecem o
tempo todo. Vocês chamam a igreja de ‘A Casa de Deus’, mas só entram lá quando
bem entendem ou quando precisam da intervenção Divina. Vocês chamam a Bíblia de
‘A Palavra de Deus’, mas só leem ela quando querem. Vocês falam que Deus É
Amor, mas se odeiam e vivem brigando. Vocês pregam bondade, enquanto muitos dos
crentes da igreja de vocês estão passando todo tipo de privação. Vocês só vão
para o culto quando bem entendem, e quando chegam lá vocês não têm qualquer
reverência. Durante o culto muitos chegam a trocar olhares cheio de lascívia, e
marcam encontros sexuais para depois do culto. Vocês são mentirosos, e acham
que a mentira não surte efeito. Se soubessem o que acontece quando vocês
mentem, como o diabo fica alegra, e como cada mentira contada é uma porta
aberta para que nós destruamos suas vidas. Quantas vezes o Espírito Santo fala
aos seus corações, dizendo qual a vontade de Deus para vocês, mas vocês
preferem fazer a própria vontade, ou ainda fazer a nossa vontade. Vocês pecam
durante o dia, e sem qualquer arrependimento ou pedido de perdão verdadeiro,
vocês entram na igreja e nem mais se lembram do pecado que cometeram. Deus Ama
vocês e demonstrou isso sacrificando a vida do Seu Santo Filho na cruz, mas
vocês sequer agradecem-no por isso. Pelo contrário, vocês são insatisfeitos,
pedem muito mais do que agradecem. Lembro do tempo em que a maioria dos crentes
eram verdadeiros servos do Senhor, que renunciavam a tudo apenas para fazer a
vontade de Deus. Quando aqueles crentes oravam, o inferno tremia, e todos
nossos planos eram desfeitos. Bastava apena uma única oração de um crente,
então Deus agia de forma sobrenatural, e nós saíamos derrotados. Aqueles
crentes faziam a diferença onde chegavam, e apenas suas presenças já nos
incomodavam. Não adiantava persegui-los, nem fazer qualquer mal contra eles,
pois sempre continuavam de pé na presença de Deus. Para eles sofrer por Cristo
era algo que causava júbilo, e morrer pelo Evangelho era a maior glória que se
poderia ter. Hoje existem alguns que ainda são assim, mas os tais são cada vez
mais raros. Eles não murmuravam nem mesmo quando torturavam ou matavam seus
filhos, mas vocês murmuram quando não podem comprar uma roupa nova. Se Deus não
lhes dá algo que desejam, vocês chegam a questionar o Amor de Deus. É verdade
que contra a igreja de Jesus Cristo, o inferno jamais prevalecerá, mas muitas
dessas igrejas que estão aí não são de Cristo, e contra essas o inferno
prevalece sempre. Vocês pregam sobre o inferno, mas fazem de tudo para vir
morar aqui. O Senhor fez tudo para vocês morarem no Céu, mas vocês, com suas
atitudes, preferem o inferno. Nós somos perversos e traímos o Senhor quando nos
rebelamos, mas e vocês também não traem o Senhor quando não fazem o que Ele
quer, mesmo sabendo a vontade de Deus, e também não são perversos com seu
próximo?! Sim, somos perversos, mas vocês também são. Não é por outro motivo
que nós os demônios, e vocês, os desobedientes, teremos o mesmo destino eterno.
Agimos de forma semelhante, é por isso que passaremos a eternidade no mesmo
lugar.”
Aquelas palavras doeram em mim, e só fizeram aumentar meu sofrimento.
Quantas vezes eu deixei de fazer a vontade de Deus, mesmo sabendo o que Deus
queria que eu fizesse. Quantas vezes eu deixei de ir para a igreja, apenas para
não fazer nada, ou para fazer coisas bobas. Quantas vezes o Espírito Santo
disse ao meu coração que eu deveria orar, e eu não orava. Quantas vezes eu
olhei para a Bíblia, sabendo que deveria meditar em suas palavras, mas nem
sequer toquei nela. Quantas vezes eu soube que uma pessoa estava necessitando
de algo, e eu, que poderia ter estendido a mão, nada fiz. Permiti que meu
coração não amasse a algumas pessoas, quando sabia que deveria amar a todos.
Fiz o bem apenas a quem me fez o bem, quando deveria ter feito o bem para todos,
inclusive para os que me fizeram mal. Me vinguei, e tratei na mesma moeda as
pessoas que me ofendiam. Escolhi a quem deveria perdoar, quando sabia que o
perdão era para todos. Tratei Deus como se Ele fosse qualquer um, quando Ele
deveria ter sido o número um em minha vida. Deveria ter em mente que uma pessoa
ama e prioriza Deus, à medida que ama e prioriza as coisas de Deus.
Se eu pudesse apenas mais uma vez ir à minha velha igrejinha onde nasci
na fé. Como eu queria sentar novamente naqueles simples bancos de madeira,
desgastados pela idade. Como gostaria de voltar a trabalhar no Obra de Deus.
Ocupei alguns cargos na igreja, mas fazia tudo de forma relaxada. Por qualquer
motivo entregava meu cargo, e mesmo quando sabia que a igreja precisa de alguém
para alguma área, eu fazia que não sabia. Pensei mais em mim do que na Obra de
Deus.
Se eu pudesse ter minha pequena Bíblia em minhas mãos novamente, como
ficaria feliz com isso. Como sinto saudade de lê-la novamente. Como queria
ouvir mais uma pregação, mesmo que fosse a pregação mais fria e sem unção do
mundo. Como queria louvar a Deus, e cantar um daqueles hinos antigos que tocam
a alma de quem os cantam.
Queria ver meus amigos da igreja, dar um abraço neles, pedir perdão a
cada um, e dizer o quanto eles eram importantes para mim. Ao invés disso fui
amigo de quem não era amido de Deus. Andei com eles até me tornar um deles.
Como eu envergonhei ao Senhor. Como pequei, mesmo quando sabia que aquilo
não era o correto a se fazer. Se eu pudesse voltar para servir a Deus fielmente,
buscaria ser o mais fiel dos crentes. Se eu pudesse voltar para orar pelas
madrugadas, apenas agradecendo e dizendo a Jesus Cristo o quanto eu O amava.
Como queria sentir a alegria do Espírito Santo novamente. Eu era a mais rica e
bem-aventurada das criaturas por ser servo de Deus, e não sabia disso. Usei os
bens materiais para medir o amor de Deus por mim, quando deveria ter olhado
para a cruz de Cristo. Como fui ingrato com Deus. Pensava que Deus me privava
dos prazeres do mundo apenas porque Ele não queria que eu fosse feliz, mas
agora vejo que Deus queria mesmo era me livrar deste lugar. Como fui um tolo.
Hoje vejo que nem por todos os
prazeres do mundo juntos valeria à pena passar um único segundo neste lugar.
Mesmo sabendo o que deveria fazer, fiz tudo errado. Não busquei o Reino
de Deus em primeiro lugar, aliás nem sequer sei se o busquei de fato, ou apenas
fingia que o buscava. Eu daria e faria qualquer coisa para ter uma nova chance,
mas não terei mais chance alguma. Passarei toda a eternidade aqui. Jesus morreu
por mim para que me tornasse um morador no Céu, mas minhas escolhas me tiraram
do caminho estreito, e me trouxeram para cá. Quando estava vivo brinquei com
Deus, e subestimei o pecado. Pagarei eternamente um altíssimo preço por isso, e
pelos séculos dos séculos serei apenas um morador dos porões obscuros e desgraçados
do inferno. Não há mais nada a se fazer, apenas chorar e ranger os dentes.
Assinado: alguém que brincou de ser crente.