Agnelo Baltazar Tenório Férrer
Enquanto isso, lá no
inferno se inicia mais uma reunião entre o chefe Capetão e a capetaiada:
- Bom, vamos iniciar
nossa reunião ordinária mensal de prestação de contas dos capetas. Quero saber como
estão os resultados das nossas investidas. O tempo que nos resta é curto, o Messias pode voltar a qualquer momento. Assim, sem mais demoras, quem é o
primeiro da pauta?
- Sou eu chefe.
- Ah! Avarento. Como você
se saiu com aquela missão que lhe dei. Se me lembro bem você deveria atacar
aquela igreja que estava enviando missionários para vários lugares. Então me
conte, quais seus resultados?
- Chefe, nossos planos estão dando muito certo. Daqui a pouco aquela igreja não vai ter um só missionário.
- Ok. Mas que
estratégia você usou para que eles parassem de ofertar para missões?
- A grande questão,
chefe, é nunca querer fazer com que eles
parem de ofertar. O segredo mesmo é fazer com que eles vão diminuindo o valor
da oferta. Todas as vezes que tentei fazer com que eles parassem de ofertar,
nunca surtiu efeito pois eles não aceitam parar nada de uma vez. Mas basta fazer com
que eles diminuam o valor da oferta, ou então que não sejam fieis mensalmente. Coloco
na mente deles que eles já dão o dízimo e que já fazem o suficiente. O resultado
é que sem oferta a igreja diminuiu o número de missionários no campo, e muitos deles já tiveram que
volta para casa.
- Ótima notícia. Gostei
da sua estratégia. De fato, quando nós queremos fazer com que esses crentes
parem alguma coisa de vez, eles nos repreendem logo. Mas basta agir com
sutileza, fazendo com que eles pensem que o que fazem já é o bastante. Então,
"cheque mate". Quase sempre dá certo!
- Prosseguindo. O próximo
é o Discórdia.
- Aqui, chefe.
- Discórdia, posso ver
aqui no Plano de Estratégia Infernal para Igrejas e Congregações que você
deveria fazer com que os crentes começassem a ter inimizade entre si. Então,
diga-me como vai o seu progresso?
- De "vento em poupa", chefe.
A coisa mais fácil que existe é fazer crente brigar. Confesso que é a tarefa mais boba que já tive. Muitas vezes nem preciso fazer nada, que eles já começam a
brigar. Alguns dias atrás eu deveria ir a uma reunião do grupo de líderes da mocidade de
uma dessas igrejas, com o objetivo de fazer com que no meio da reunião houvesse
algum desentendimento entre eles. Mas quando cheguei lá eles já estavam todos discutindo. E
como eles não oram mais, então é tarefa infantil agir no meio deles.
- Muito bom. As notícias
são as melhores possíveis. Sendo assim, quando eu for prestar contas ao
principado ele vai ficar satisfeito. Talvez até não me torture sem motivo.
- Por último, Frieza!
- Presente, chefe.
- Frieza, espero que
você tenha boas notícias para me dar. Então vamos lá, você deveria fazer com
que uma igrejinha deixasse de pregar a Bíblia, para que eles esfriassem
espiritualmente. Estou ansioso para saber quais são seus resultados.
- Chefe, as notícias não
são boas. Por favor não se irrite comigo, mas deu tudo errado. Nossos planos não
se concretizaram!
- Posso saber porque
você é o único que não conseguiu ter êxito em seus objetivos infernais? Você não
fez tudo como manda o Manual que lhe dei, aquele intitulado “Dez passos para se
acabar com uma igreja”?
- Fiz exatamente tudinho
o que prescrevia o Manual. Fiz os dez passos, aliás, repeti os dez passos umas
mil vezes. Mas nada. Não houve resultado nenhum!
- E posso saber porque não
houve resultado nenhum, já que aquele Manual é quase que infalível?
- Chefe Capetão, tá
lembrado daquela velhinha bem pobre, que mora em um casebre e vive doente?
- Sim, lembro-me bem
dela. Ela sempre nos atrapalhou. É aquela que orava bastante?
- É exatamente ela. A
grande questão é que ela ainda ora muito, e intercede pela igreja. Toda as
vezes que ela ora, o Senhor houve a oração dela, e pronto, vai tudo por água
abaixo.
- Mas, um dos passos que
o Manual orienta é de sempre atacar previamente os crentes de oração, antes de
se atacar a igreja. Você não a atacou antes?
- Ataquei de todas as
formas. Mas não adianta. Quanto mais eu atacava, mais ela orava. E o senhor
sabe quando um crente ora e nos repreende nós ficamos totalmente
amarrados. Não sei mais o que fazer com aquela velhinha. Confesso, chefe, que à noite tenho sonhos terríveis com ela. Eita velhinha que ora!
- O pior pesadelo para
os capetas é um crente que ora.
- Ainda bem que o
senhor sabe disso. Se ao menos ela fosse jovem, então agente iludia ela com as
bobagens da internet, como facebook ou mesmo do WhatsApp. Mas ela nem sabe que essas coisas existem.
- Então só tem uma coisa
a se fazer!
- O que, chefe Capetão?
- Temos que esperar ela
morrer, e torcer para que não haja mais crente de oração como ela.
- É o que eu espero.
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