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quarta-feira, 16 de abril de 2014

DEUS É AMOR, PORTANTO NÃO PODE ODIAR. SERÁ?





Por Paul Washer

Deus odeia? Esse ódio é, de alguma forma, voltado contra os homens? A maioria das pessoas nunca ouviu um sermão sobre esse assunto ou sequer já ouviu tal ideia. A questão por si só é suficiente para causar uma controvérsia e colocar os levemente religiosos em guarda. Mesmo sugerir a possibilidade de tal coisa contradiz muito do que os pregadores evangélicos ensinam hoje. Contudo, nas Escrituras, o ódio de Deus é tão real quanto seu amor. De acordo com as Escrituras, há coisas que um Deus santo e justo odeia, aborrece, detesta e até mesmo abomina. Além disso, tal ódio é muitas vezes voltado contra os homens caídos.

Muitos objetam o ensino sobre o ódio de Deus com a falsa suposição de que Deus é amor e, portanto, não pode odiar. Ao passo que o amor de Deus é uma realidade que vai além da compreensão, é importante ver que o amor de Deus é a própria razão para seu ódio. Nós não deveríamos dizer que Deus é amor e, por isso, ele não pode odiar; mas que Deus é amor e, por isso, ele deve odiar. Se uma pessoa realmente ama a vida, reconhece sua santidade e valoriza todas as crianças como um presente de Deus, então ela deve odiar o aborto. É impossível amar pura e apaixonadamente as crianças e ainda assim ser neutro para com aquilo que as destrói no ventre. Da mesma forma, se Deus ama com a maior intensidade o que é reto e bom, então ele deve com igual intensidade odiar tudo o que é perverso e mau.

As Escrituras nos ensinam que Deus não apenas odeia o pecado, mas também que ele volta seu ódio contra aqueles que o praticam. Todos aprenderam o clichê popular: “Deus ama o pecador e odeia o pecado”, mas tal ensino é uma negação das Escrituras, que claramente declaram o contrário. O salmista, sob inspiração do Espírito Santo, escreveu que Deus não apenas odeia a iniquidade, mas que ele também odeia “todos os que praticam a iniquidade”[1].

Devemos entender que é impossível separar o pecado do pecador. Deus não pune o pecado, mas pune aquele que o comete. O pecado não é condenado ao inferno, mas o homem que o pratica. Por essa razão, o salmista declarou: “Os arrogantes não permanecerão à tua vista; odeias a todos os que praticam a iniquidade”[2]. E também: “O SENHOR está no seu santo templo; nos céus tem o SENHOR seu trono; os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens. O SENHOR põe à prova ao justo e ao ímpio; mas, ao que ama a violência, a sua alma o abomina. Fará chover sobre os perversos brasas de fogo e enxofre, e vento abrasador será a parte do seu cálice. Porque o SENHOR é justo, ele ama a justiça”[3].

É importante entender que os textos acima não estão sozinhos na Escritura, mas estão acompanhados de outras passagens que fortalecem a realidade de tal resposta por parte de um Deus santo. No livro de Levítico, o Senhor advertiu ao povo de Israel que não seguisse os costumes das nações que ele lançaria de diante dele, e depois adicionou: “Porque fizeram todas estas coisas; por isso, me aborreci deles”[4]. Novamente, no livro de Deuteronômio, ele advertiu seu povo de que os canaanitas seriam lançados de diante deles porque eram “uma abominação ao SENHOR”, e qualquer um que participasse dos mesmos atos injustos seria igualmente uma “abominação” para ele[5]. No livro dos Salmos, Deus descreveu sua disposição para com os israelitas incrédulos que recusavam entrar na Terra Prometida, dizendo: “Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração”[6]. Finalmente, no livro de Tito, Paulo descreve aqueles que fizeram confissões vazias ou superficiais de fé em Deus como “abomináveis” diante dele, e João, na Ilha de Patmos, descreve o lago de fogo como morada daqueles que são “abomináveis”[7].

O ódio divino explicado

O que significa quando as Escrituras declaram que Deus odeia pecadores? Primeiro, o Dicionário Webster define ódio como um sentimento de extrema inimizade para com alguém, considerar alguém com ativa hostilidade, ou ter uma forte aversão para com uma pessoa; detestar, repugnar, aborrecer ou abominar. Embora essas palavras sejam fortes, a Escritura usa a maioria, senão todas elas, para descrever o relacionamento de Deus com o pecado e com o pecador. Em segundo lugar, devemos entender que o ódio de Deus existe em perfeita harmonia com seus atributos. Diferentemente do homem, o ódio de Deus é santo, justo, e é um resultado de seu amor. Emterceiro lugar, devemos entender que o ódio de Deus não é uma negação do seu amor. O Salmo 5:5 não é uma negação de João 3:16 ou Mateus 5:44-45. Embora a ira de Deus repouse sobre o pecador, embora ele seja irado contra o perverso todos os dias, e embora ele odeie todo aquele que pratica a iniquidade, seu amor é de tal natureza que ele é capaz de amar aqueles que são o próprio objeto de seu ódio e trabalhar pela salvação deles[8]. Em quarto lugar, embora Deus seja longânimo para com os objetos de seu ódio e lhes ofereça a salvação, chegará um tempo em que ele retirará tal oferta e a reconciliação não será mais possível[9]. (WASHER, Paul. O poder do Evangelho e sua mensagem. Fiel Editora. 2013, p. 157-159)





[1] Salmos 5:5b
[2] Salmos 5:5
[3] Salmos 11:4-7
[4] Levítico 20:23
[5] Deuteronômio 18:12; 25:16
[6] Salmos 95:10
[7] Tito 1:16; Apocalipse 21:8
[8] João 3:36; Salmos 7:11; 5:5
[9] Romanos 10:21

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